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Graça Natural

Graça Natural

Estado de graça é uma condição na qual todo crescimento acontece sem esforço, uma alegre e transparente aquiescência, fundamento básico de toda existência. Nosso corpo cresce de forma fácil e natural desde o momento do nascimento, sem resistência, considerando o milagre do desdobramento uma coisa natural. Utiliza suas capacidades com grande e graciosa entrega, com uma agressividade criadora. Nascemos em um estado de graça, sendo impossível abandonar esse estado. Morreremos em um estado de graça, independente das crenças religiosas.

Compartilhamos dessa bênção com os animais e com todas as coisas vivas. Não é possível “sair” da graça, nem ela nos pode ser tirada. Podemos ignorá-la, apegar-nos a crenças que nos cegam para nossa existência. Mas ainda estaremos em graça, embora incapazes de percebermos nossa própria individualidade e integridade, cegos também para outros atributos com os quais somos automaticamente dotados.

O amor percebe a graça em outra pessoa. Como a culpa natural, o estado de graça é inconsciente nos animais. É protegido, os animais o tomam por uma coisa natural, não sabendo o que é nem o que eles fazem, mas esse estado de graça fala por meio de todos os seus movimentos e eles permanecem na antiga sabedoria de seus caminhos. Os animais não têm memória consciente, só a memória instintiva das células e órgãos os sustém.

Tudo isso se aplica em graus, de acordo com a espécie, a memória consciente pode, em qualquer momento, olhar para trás através de si mesma. Em alguns animais, o surgimento dessa memória consciente é aparente, mas ainda limitada, especializada. Um cachorro pode lembrar-se de onde viu seu dono a última vez, mas não é capaz de convocar a memória nem de operar com o tipo de associações mentais que usamos. Suas ligações serão de natureza mais biológica e não fornecerão a margem de ação que a condição mental os permitiria. O cachorro não recorda jubilosamente seu próprio estado de graça em um passado nem espera uma recorrência em qualquer futuro.

Nós com a grande liberdade propiciada pela mente consciente, podemos desviar-nos da grande alegria interior de ser, esquecê-la, não acreditar nela ou usar nosso livre-arbítrio para negar sua existência.

A esplêndida aceitação biológica da vida não poderia ser imposta nem forçada sobre nossa consciência emergente. Para emergir no novo foco de percepção, a graça precisava ultrapassar o nível biológico e se propagar ao mundo dos sentimentos, pensamentos e processos mentais. A graça tornou- se, então, serva da culpa natural.

Nos tornamos conscientes de nosso estado de graça ao viver dentro das dimensões de nossa consciência quando esta se voltou na direção de nosso novo mundo de liberdade. Quando não a violávamos, tínhamos consciência de nossa própria graça. Quando violávamos, caíamos de volta na consciência celular, como acontece com os animais, mas nos sentíamos conscientemente afastados dela e renegados.

A simplicidade da culpa natural não leva ao que consideramos consciência, mas a consciência também depende do momento de reflexão que, em grande parte, nos separa dos animais. Ela é fruto de um dilema e de um equívoco sobre as condições que foram impostas à nossa existência física, surgiu com a emergência da culpa artificial. A culpa artificial é ainda muito criativa à sua maneira, uma ramificação feita à nossa imagem quando nossa mente consciente começou a considerar e roçar a culpa inocente natural que, originalmente, não implicava punição.

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